Published on
11-08-2025
A importância do Sono na Doença de Alzheimer

Recentemente, a equipa da NCeutics marcou presença no SLEEP Annual Meeting 2025, um prestigiado congresso internacional realizado nos Estados Unidos. Entre os diversos temas abordados, destacou-se a discussão em torno do recém-identificado sistema glinfático e a sua potencial relação com a Doença de Alzheimer, bem como o papel das benzodiazepinas neste processo. Para nos ajudar a compreender melhor esta teoria inovadora, voltámos a contar com a colaboração do nosso consultor médico, Dr. Pedro Barreira. Desta vez, convidámo-lo a elaborar um breve texto sobre o sistema glinfático, a Doença de Alzheimer e o papel das benzodiazepinas.
O Sistema Glinfático
O sono desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde, muito além do simples repouso. Um dos mecanismos mais importantes do sono é a ativação do sistema glinfático, um sistema de "drenagem" cerebral descrito recentemente, que funciona de forma análoga ao sistema linfático do corpo, apesar de o cérebro ser desprovido dos tradicionais vasos linfáticos. Este sistema é responsável pela remoção de resíduos metabólicos e de proteínas tóxicas para o cérebro, como a beta-amiloide ou a proteína tau, cuja acumulação desenfreada está associada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. Durante o sono, especialmente nas fases profundas do sono não-REM, o sistema glinfático é significativamente mais ativo. Nesta fase, há uma maior circulação de líquido cefalorraquidiano pelos espaços intersticiais (líquido naturalmente existente à volta e dentro do cérebro), sendo que este fluxo facilita a "lavagem" de resíduos que se vão acumulando durante o período em que estamos acordados. Modelos animais demonstraram que a eficiência do sistema glinfático pode ser até 60% mais ativo durante o sono comparativamente ao estado de vigília. Isto reforça a importância do sono de qualidade como um mecanismo natural de proteção contra as doenças neurodegenerativas.
Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer é caracterizada pelo acumulação anormal das proteínas beta-amiloide e tau no cérebro, o que leva à morte neuronal e compromisso cognitivo progressivo. Alterações no sono, como insónia, fragmentação do sono e redução do sono profundo, são comuns em doentes com Alzheimer e também têm sido associadas ao aumento da acumulação de beta-amiloide. Isto cria um ciclo vicioso: o sono de fraca qualidade prejudica a “lavagem” de resíduos pelo sistema glinfático, favorecendo a acumulação de proteínas neurotóxicas, que por sua vez agravam os distúrbios do sono. Assim, estratégias para melhorar a qualidade do sono têm sido consideradas como potenciais intervenções preventivas ou terapêuticas para a Doença de Alzheimer.
Benzodiazepinas: Aliados ou Vilões?
Os benzodiazepinas são amplamente utilizadas para tratar perturbações do sono e ansiedade. Apesar de sua eficácia transitória em induzir o sono, o seu uso crónico levanta preocupações, especialmente em idosos. Estes fármacos tendem a reduzir o sono profundo e a aumentar o sono superficial, o que pode comprometer a função do sistema glinfático, uma vez que costuma ser mais ativo no sono profundo. Além disso, estudos epidemiológicos sugerem uma associação entre o uso prolongado de benzodiazepinas e um risco aumentado de demência, incluindo a Doença de Alzheimer. As causas exatas para esta associação ainda não são totalmente compreendidas, mas podem envolver alterações na arquitetura do sono, alterações funcionais no sistema glinfático, bem como efeitos diretos no cérebro.
O Sistema Glinfático
O sono desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde, muito além do simples repouso. Um dos mecanismos mais importantes do sono é a ativação do sistema glinfático, um sistema de "drenagem" cerebral descrito recentemente, que funciona de forma análoga ao sistema linfático do corpo, apesar de o cérebro ser desprovido dos tradicionais vasos linfáticos. Este sistema é responsável pela remoção de resíduos metabólicos e de proteínas tóxicas para o cérebro, como a beta-amiloide ou a proteína tau, cuja acumulação desenfreada está associada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. Durante o sono, especialmente nas fases profundas do sono não-REM, o sistema glinfático é significativamente mais ativo. Nesta fase, há uma maior circulação de líquido cefalorraquidiano pelos espaços intersticiais (líquido naturalmente existente à volta e dentro do cérebro), sendo que este fluxo facilita a "lavagem" de resíduos que se vão acumulando durante o período em que estamos acordados. Modelos animais demonstraram que a eficiência do sistema glinfático pode ser até 60% mais ativo durante o sono comparativamente ao estado de vigília. Isto reforça a importância do sono de qualidade como um mecanismo natural de proteção contra as doenças neurodegenerativas.
Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer é caracterizada pelo acumulação anormal das proteínas beta-amiloide e tau no cérebro, o que leva à morte neuronal e compromisso cognitivo progressivo. Alterações no sono, como insónia, fragmentação do sono e redução do sono profundo, são comuns em doentes com Alzheimer e também têm sido associadas ao aumento da acumulação de beta-amiloide. Isto cria um ciclo vicioso: o sono de fraca qualidade prejudica a “lavagem” de resíduos pelo sistema glinfático, favorecendo a acumulação de proteínas neurotóxicas, que por sua vez agravam os distúrbios do sono. Assim, estratégias para melhorar a qualidade do sono têm sido consideradas como potenciais intervenções preventivas ou terapêuticas para a Doença de Alzheimer.
Benzodiazepinas: Aliados ou Vilões?
Os benzodiazepinas são amplamente utilizadas para tratar perturbações do sono e ansiedade. Apesar de sua eficácia transitória em induzir o sono, o seu uso crónico levanta preocupações, especialmente em idosos. Estes fármacos tendem a reduzir o sono profundo e a aumentar o sono superficial, o que pode comprometer a função do sistema glinfático, uma vez que costuma ser mais ativo no sono profundo. Além disso, estudos epidemiológicos sugerem uma associação entre o uso prolongado de benzodiazepinas e um risco aumentado de demência, incluindo a Doença de Alzheimer. As causas exatas para esta associação ainda não são totalmente compreendidas, mas podem envolver alterações na arquitetura do sono, alterações funcionais no sistema glinfático, bem como efeitos diretos no cérebro.